CACHÉ-INDICA: Fireball: Visitors from Darker Worlds (2020), de Werner Herzog e Clive Oppenheimer

COMENTÁRIO:

Há um momento em Fireball, onde a dupla de diretores entrevistam uma cientista planetária que estuda meteoritos. Ela apresenta duas amostras aos dois. A primeira: uma amostra descrita como uma espécie de gotícula que se condensou nos arredores de uma nebulosa e que estava presente nos primórdios do sistema solar . A segunda: uma pequena fatia de uma pedra marciana que, apesar de provir de outro mundo, fascina pela sua familiaridade. Ambas amostras que, quando ampliadas, se assemelham à uma espécie de janela com vitral, onde dependendo da posição da luz, suas cores se manifestam ou se escondem. Deslumbrado, Oppenheimer pergunta se Carl Sagan estava certo e se somos feitos de poeira estelar. Ela responde que sim e que todos os elementos do nosso corpo foram sintetizados em outras estrelas antes de chegarem aqui. Instaura-se um silêncio no laboratório e a beleza do momento manifesta-se. Como uma janela com vitral, onde enxergamos suas cores dependendo da direção da luz, conseguimos ter acesso através da cientista, à algo que não estava presente antes. Em alguns filmes de Herzog ficamos à espera dessa luz: qualquer coisa que transcenda à própria entrevista. Fireball é um documentário que a um dado momento tende a fadigar por conta da pretenção de englobar muitos objetos em um só tema. Mas há instantes que, como esse, conseguem transmitir algo além do filme e que faz jus ao poder temático que a obra carrega.

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