Dentro da temporada de premiações, chama atenção este pequeno filme sobre a relação de um homem com Alzheimer e sua filha. Se a premissa de The Father indica um filme comum ou melodramático, o interessante é como o diretor Florian Zeller utiliza de todas ferramentas audiovisuais para materializar o que é o dilema do Alzheimer e do esquecimento. É através das repentinas mudanças de cenário que ele desconstrói o espaço, através das quebras da montagem que desconstrói o tempo e através das diversas mudanças de foco narrativo que até mesmo o roteiro desconstrói a razão. O espectador é jogado dentro da mente deste homem e a grande questão do filme e daquele protagonista passa a ser a banal mas difícil missão de remontar o seu cotidiano. O mais interessante é que isso tudo não é só um artifício de cinema, mas entender a mente daquele homem e sua condição, potencializa cada encontro entre pai e filha e as incapacidades de reestruturar os laços afetivos numa mente sem memória. Além de tudo, The Father é a chance de ver Anthony Hopkins num papel que o desafia depois de tanto tempo. The Father é daqueles pequenos filmes, que de pequeno não tem nada.